terça-feira, 30 de abril de 2013

Diário de um Cão X Diário de um Gato

Diário de um Cão

8:00 Oba, ração — gosto muito disso.
9:30 Oba, um passeio de carro — gosto muito disso.
9:40 Oba, uma caminhada — gosto muito disso.
10:30 Oba, outro passeio de carro — gosto muito disso.
11:30 Oba, mais ração — gosto muito disso.
12:00 Oba, as crianças — gosto muito disso.
13:00 Oba, o quintal — gosto muito disso.
16:00 Oba, as crianças novamente — gosto muito disso.
17:00 Oba, ração de novo — gosto muito disso.
17:30 Oba, a Mamã — gosto muito disso.
18:00 Oba, apanhar a bola — gosto muito disso.
20:30 Oba, dormir na cama quentinha do meu dono — gosto muito disso.


Diário de um Gato
 
Dia 283 no cativeiro. Os meus sequestradores insistem em gozar comigo, balançando uns objetos pequenos e estranhos. Enquanto eles comem carne fresca, sou forçado a comer cereais secos. Só aguento isso por causa da esperança de escapar e da leve satisfação que tenho ao destruir alguns móveis. Amanhã, pro­vavelmente, comerei outra planta da casa. Planejei matar os meus sequestradores de manhã ao enroscar-me por entre os pés deles enquanto andavam. Quase consegui. Talvez eu deva tentar isso no topo da escada. Numa tentativa de enojar e de causar repulsa nesses vis opressores, induzi, novamente, vómito na sua cadeira favo­rita. Acho que devo tentar isso na sua cama. Para mostrar a minha índole diabólica, decapitei um passarinho e coloquei o corpo, sem cabeça, no chão da cozinha. Eles só bateram palmas e me incentivaram, acariciando minha cabeça e chamando-me de "gatinho valente". Hum — isso não estava de acordo com o pla­no. Durante uma reunião com seus cúmplices, eles confinaram-me numa solitária. Consegui ouvir que fora preso por causa do meu poder de causar alergias. Devo aprender o que isso quer dizer e usar essa arma a meu favor.

Estou convencido de que os outros cativos da casa estão com eles, talvez sejam espiões. O cão, muitas vezes, é solto e parece ingenuamente feliz quando volta. Ele, com certeza, não é muito inteligente. O pássaro fala com regularidade com os huma­nos e aposto que é um espião. Estou certo de que ele relata cada minuto da minha vida para eles. Por causa do seu atual confinamento numa gaiola de metal, a sua segurança está garantida, mas eu posso esperar. E só uma questão de tempo

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